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Expressão usada nos botecos de todo o Brasil surgiu no Vale do Paraíba

Conhece a história da branquinha? Expressão usada nos botecos de todo o Brasil tem origem aqui no Vale do Paraíba. E o que a Abolição da Escravidão e o período de ouro do ciclo do café no Brasil têm a ver com isso? Têm tudo a ver e é essa história que eu vou contar.

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Expressão usada nos botecos de todo o Brasil surgiu no Vale do Paraíba

Imagino que você já deve ter ouvido em algum boteco ou alguém usando a expressão popular "Me vê uma branquinha", certo? 

Mas o que o Vale do Paraíba, a Abolição da Escravidão e o período de ouro do ciclo do café no Brasil têm a ver com isso?!

Têm tudo a ver e é essa história que eu vou contar.

Engenho de cana de açúcar

Para você entender como essa expressão tão popular surgiu, vamos voltar um pouquinho na história do Brasil, especificamente, na história do Vale do Paraíba durante o período Imperial do Brasil.

Veja também: Azul Marinho: aprenda a fazer esse típico prato caiçara

Pois é, no início do século XIX, na cidade de Santa Branca, interior de São Paulo, funcionavam diversos alambiques que produziam a aguardente, que junto com o tabaco, tinham grande valor econômico e eram usados no escambo para o tráfico de escravos.

No entanto, por volta de 1850, com a proibição do tráfico de escravos e a chegada da cultura cafeeira no Vale do Paraíba, a produção de aguardente de cana foi drasticamente reduzida.

Isso fez com que, na época, todos os esforços produtivos se convergissem para a produção do café, dessa forma, colocando este grão entre as principais riquezas do Brasil Império e dando destaque ao Vale do Paraíba no cenário nacional.

Fazenda Boa Vista 1880 - Bananal/SPFazenda Boa Vista 1880 - Bananal/SP por George Grimm

Já em 1870, no entanto, a produção de café em Santa Branca já mostrava que os dias de glória estavam se findando. As primitivas técnicas de cultivo, somadas a acentuada declividade do terreno que facilitava a erosão do solo, o enfraquecimento das plantas e a consequente queda da qualidade dos grãos levaram a queda no preço do produto.

Se não bastasse a desvalorização, com a Abolição da Escravatura em 1888, a situação dos produtores de café ficou ainda pior, pois não podiam mais contar com a mão-de-obra escrava na lavoura. Dessa forma, os cafeicultores optaram pelo reestabelecimento e fortalecimento das antigas fábricas de aguardente de cana, que nas primeiras décadas do século XX, tiveram um desenvolvimento surpreendente.

Só lá pelo final da década de 1920, que o Sr. José Rosa Porto, filho de Onofre Siqueira Porto, um produtor de aguardente de Santa Branca, resolveu fazer uma panfletagem ostensiva para anunciar o lançamento da velha aguardente produzida por seu pai.

Já na capital do estado, São Paulo, José Rosa Porto distribuiu seus panfletos, especialmente, nas distribuidoras de bebida da Praça da Sé, o que fez com que a aguardente de Santa Branca ganhasse fama e alcançasse o mercado de outros estados do Brasil.

Dessa forma, a cachaça produzida em Santa Branca passou a ser conhecida como "Santa Branquinha" e, finalmente, "Branquinha", sendo até hoje uma expressão popular atribuída à cachaça, em todo país.

Do século XIX até o final da década de 1930, a produção era acondicionada e vendida em barris. No entante, na era Vargas, devido a Segunda Guerra Mundial, foi decretada a obrigatoriedade do engarrafamento da aguardente, que deveria também ser selada na fábrica.

Como houve contestações das distribuidoras de aguardente, o Governo Vargas passou a permitir o fornecimento das fábricas em barris para as distribuidoras de bebidas, que se incumbiriam do engarrafamento.


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Com a introdução no mercado das aguardentes industrializadas como 3 Fazendas, Aguardente 51 e Velho Barreiro, a procura pelo produto do interior entrou em relativa decadência, sendo agravada pelo excesso de tributação, o que levou a um processo de baixa das antigas fábricas e a um processo de criação de um comércio informal da aguardente no município.

Cachaça artesanal

Já da década de 1950, surge a possibilidade da pecuária leiteira, que levou os antigos proprietários de alambiques de Santa Branca a direcionar seus esforços produtivos para a produção leiteira.

Com isso, a produção da aguardente caiu novamente na insignificância, entretanto, ela continuou sendo procurada por antigos clientes que estavam interessados na qualidade do produto e não na marca registrada.

Com o colapso da pecuária leiteira no município e com a atual opção da cachaça artesanal, os antigos produtores de aguardente estão se agregando em torno da Associação Paulista dos Engenhos de Cachaça Artesanal com a intenção de regularizar a situação dos seus tradicionais alambiques e devolver ao bom público a tradicional Santa Branquinha.

Gostou da história e suas origens? Você conhece alguma história, lenda ou curiosidade na sua cidade e acha que seria interessante publicarmos aqui? Escreva nos comentários.

 

Texto extraído e adaptado de http://santabranca.sp.gov.br/curiosidades/

Tags: santa branca santa branquinha branquinha cachaca branquinha


Sobre o autor

Meu nome é Rogério Golob, sou criador do site Guia Vale do Paraíba. Sou apaixonado por natureza, fotografia e vídeos, e gosto de compartilhar minhas experiências e dicas dos lugares que visito. Minha missão com este projeto é inspirar outros viajantes a explorarem diferentes lugares da região.


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